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sábado, 23 de janeiro de 2016

Sertanejo Solitário





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Sertanejo Solitário

Na minha pobre tapera
No meio do mato distante
Ouço o som da natureza
Como minha amante
A solidão e a benção de deus
Acompanham-me a todo instante

Na sala um tamborete
Uma rede velha a balançar
Num canto uma velha mesa
Um tamborete pra sentar
Na cozinha um fogão a lenha
Muita lenha pra queimar

Um pote de barro no canto
Calça suspensa na canela
Chapéu de palha na cabeça
Pés descalços e roupas velhas
A barriga ronca de fome
Só água e feijão na panela

Em volta a natureza
Com sua zuada festeira
A rede velha rasgada
Minha fiel companheira
Passarinhos fazendo festa
Vento assoprando a bananeira

No chiqueiro um porco magro
O olhar não tem mais brilho
As galinhas, só pena e osso.
Rogam um punhado de milho
As cabras com os cabritos
Já viraram andarilhos
  
No alpendre meu fiel amigo
Meu cachorro catolé
Magro que nem alfinete
Seco que nem coité
Descansando pronto pra sair
Meu cavalo pangaré

Apesar das dificuldades
Da solidão e pobreza
Ao acordar de manhã
Admiro tanta beleza
Sou feliz no meu mundo
Cultivo alegria sem tristeza

Lembro-me dos tempos de outrora
Da vida simples que eu tinha
Vivendo na cidade grande
Entre vizinhos e vizinhas
No centro urbano confuso
Cercado de gentes mesquinhas

Sonhos comuns de um pobre
Família trabalho e moradia
Honestidade e vida digna
Era tudo que eu queria
Deixei pra trás todo sonho
Que eu sonhei um dia

Planos de anos traçados
Marcados no meu coração
Mas nada disso aconteceu
Tudo foi só decepção
Deixei tudo pra trás
Vim parar nesse torrão
  
A decepção foi muito grande
Deixei pra trás o que eu tive
Voltei para o meu mundo
A família ainda existe
Não os vejo há muito tempo
Só isso que me deixa triste

Só peço a deus proteção
A estes entes queridos
Os ampare com gratidão
Nos caminhos percorridos
Dê a eles a certa direção
Um futuro bem sucedido

Sou feliz com o que tenho
Comigo só a saudade
Sou nascido dentro do campo
Não tenho que viver em cidade
Prefiro a amizade dos pássaros
Do que gente com falsidade

Pra melhorar minha vida
E amenizar a dor no sertão
Rogo a deus pai nosso senhor
Que olhe para o meu torrão
Amenize um pouco essa dor
Fazendo cair chuva no chão.

AUTOR: JOABNASCIMENTO
DATA: 13/11/12
Recanto das Letras: JOABNASCIMENTO
Blog: joaobnascimento55.blogspot.com
Twitter: @ljoao batista

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