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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A Rebelde Da Baixada E O Zé Paraiba

Imagem:youtube.com

A Rebelde Da Baixada E O Zé Paraiba

Há muitos anos atrás
Na baixada fluminense
Vivia uma jovem adolescente
Dona de uma grande rebeldia
De uma beleza rara
Mas uma rebeldia desenfreada
Linguaruda e mal educada
Com maldade e hipocrisia

Seus pais sem ter o domínio
Dessa rebeldia desregrada
Combinaram de madrugada
Fazer tudo pra ela se casar
Os rapazes da redondeza
Sabendo do gênio dela
Não queriam nada com ela
Não pensavam em namorar

Em tudo ela se metia
Era difícil a situação
Pois em toda confusão
Ela estava presente
Fazia o que lhe convia
Não obedecia a ninguém
Era como se nada ou alguém
Existisse em sua frente

Frequentava a escola
Não gostava de estudar
So queria era está
Se envolvendo em confusão
Não gostava de se produzir
Suas roupas mal arrumadas
Eram velhas e mal passadas
Nem batom nem creme de mão

Seus cabelos mal tratados
Não gostava de pentear
Viviam a esvoaçar
De acordo com o vento
Namorado ela não tinha
Mas também não pretendia
Pois jamais queria um dia
Esse tal de casamento

Seus pais eram oriundos
Do nosso querido nordeste
Resolveram ir para o agreste
Para achar uma solução
Eles tinham na paraíba
Para o lado de campina grande
Parentes próximos e distantes
Teriam que ter precaução

O nordestino pode ser matuto
Mas é um cabra desconfiado
Sempre olhando de lado
Não confia em qualquer pessoa
Quando a esmola é grande demais
Ele aceita com cuidado
Pois já é gato escaldado
Desse mundo de gente à toa

Assim a família da rebelde
Foi chegando de mansinho
Presentes e palavras de carinho
Pra poder reconquistar
Uma estratégia bem planejada
Pra não assustar a sua vítima
Sempre mostrar bondade legítima
Pra ninguém desconfiar

O que eles querem na realidade
É pra sua filha um marido
Se livrar da rebeldia e do castigo
Que lhes atormentavam esses anos
Vamos deixar isso de lado
Pois já conhecemos a idéia
E também a nossa plebeia
E seu futuro amor profano

A família da rebelde
Ao chegar à campina grande
Deu uma festa elegante
Pra todos os seus parentes
Queria conhecer a todos
Principalmente os homens solteiros
Os mais simples e cavalheiros
Destemidos e valentes

Muitos candidatos
Apareceram de repente
Mas no meio daquela gente
Um jovem se destacou
Parecia ser muito serio
Desinibido e elegante
Desenvolto e falante
Por a filha se interessou

Quando soube da proposta
Que teria de se casar
Aceitou sem pestanejar
Muito rápido bem ligeiro
Um sonho ele iria realizar
Fazeria por merecer
Queria muito conhecer
O grande rio de janeiro

No fundo ele sabia
Que vivendo na Paraíba
Não tinha esperança na vida
Era muito difícil de vencer
E também era difícil
Encontrar uma namorada
Era pobre não tinha nada
Nada tinha pra oferecer

Foi chegado dia e hora
Da sua grande partida
Comprou passagem só de ida
Sabia que não iria voltar
Chegou ao rio de janeiro
Numa tarde de verão
Era época de são João
Deus iria lhe ajudar

Chegou à Nova Iguaçu
Na baixada fluminense
Vivia um grande suspense
Pois queria conhecer
A sua futura esposa
Companheira da sua vida
A sua amada querida
Só pra ela iria viver

Quando os dois se encontraram
Foi amor a primeira vista
Ela parecia uma artista
Bem vestida e muito bela
Cabelo da cor de ouro
Pele lisa de bebê
Um rosto bonito de se ver
Além do mais era donzela

Quem a conhecia de muito tempo
Estranhou sua mudança
As roupas sem elegância
Em tudo houve transformação
Trocaram logo de olhares
Cada um mais apaixonado
Esqueceram quem estava do lado
Abraçaram-se com emoção

Assim foi o encontro
Do Zé Paraíba e Carolina
De rebelde a doce menina
Ela assim se apresentou
Com uma cara de santa
Sorriso longo e angelical
Educada gentil e genial
Por ela zé se apaixonou

Meses depois marcaram casamento
Os dois estavam interessados
Os pais mais que aliviados
Pra se livrar daquele pacote
Foram logo falar com o padre
O Zé cego de paixão
Ofertou-lhe seu coração
Não queria voltar pro norte

Depois de toda a cerimonia
Pra encurtar esta história
Zé e Carolina sem demora
Encomendaram um herdeiro
Queriam selar esse amor
Com um fruto do divino
Zé desejava um menino
Pra seu amor ser verdadeiro

Mas nada é como planejamos
E nem traçamos nosso destino
Obedecemos as ordens do divino
O futuro já planejado
Não veio o filho esperado
Deus mandou uma menina criança
Encheu sua vida de esperança
O casamento muito bem obrigado

Zé era muito insistente
Queria um grande herdeiro
Herdar sua profissão de marceneiro
Artista de obra de arte
Mais uma menina nasceu
Pra completar sua família
Completou sua mobília
Filho não quer mais tomar parte

Zé tem muitas histórias
Cada uma mais engraçada
Muitas farras e noitadas
Nesse rio de janeiro
Dominava seu território
A rebelde agora domada
Dona de casa muito esforçada
O amava de corpo inteiro

Uma vez o Zé Paraíba
Devia muito na praça
Sua vida estava em desgraça
Não sabia como pagar
Saiu sem rumo e destino
Foi parar numa favela
Encontrou uma donzela
E com ela foi morar

Lá seria o seu refúgio
Ninguém iria lhe cobrar
Não tinha dinheiro pra pagar
A dívida era muito grande
A preta lhe protegia
Pois era muito respeitada
Lá foi nascida e criada
Sua palavra era importante

Só que o zé esqueceu
Que teria que ir votar
Pro seu bairro iria voltar
Estava com receio da família
Pegou o ônibus cedinho
No dia da eleição
Chegou cedo à sua seção
Rebelde estava de vigília

Sem saber o que fazer
Pra arranjar uma desculpa
Foi tirando toda sua culpa
Dizendo ter sido sequestrado
Uma luz forte veio do céu
Nada mais ele pôde ver
Foi levado por vários ETs
Pra poder ser pesquisado

A dona de casa pacata
Que tinha se transformado
Deixou a postura de lado
Querendo mais explicação
Zé sem saber o que mais dizer
Pois foi pego de surpresa
Abraçou-lhe com delicadeza
Amoleceu seu coração

Zé até esqueceu
O que tinha ido fazer
Tratou logo de devolver
Seu amor e seu carinho
Foi pra casa com a família
La chegando foi recebido
Por amigos e conhecidos
Parentes e vizinhos

Zé bezerra era farrista
Mas muito trabalhador
Honesto e bom pagador
Um cabra de muita fibra
Já chegava embriagado
Dona Carol muito invocada
Ficava muito chateada
Não tinha como evitar briga

Essa foi só pra ilustrar
As peripécias que ele aprontava
Vez em quando ele chegava
Com alguma novidade
Na baixada fluminense
Foi dono de bar e de forró
Em pingo d’agua deu nó
Resolveu mudar de cidade

Na região dos lagos
Conheceu a cidade de São Pedro
Decidiu sem demora e sem medo
Aqui ele vir morar
Estabeleceu-se com sua família
Hoje vive muito pacato
Uma vida digna com recato

Só se preocupa em trabalhar.

AUTOR: JOABNASCIMENTO
DATA: 13/05/13
Recanto das Letras: JOABNASCIMENTO
Blog: joaobnascimento55.blogspot.com
Twitter: @ljoao batista

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