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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Recordações

Foto:slideshare.net

Recordações

Nasci de uma família
Muito humilde e muito honesta
Numa cidade bem modesta
No meu querido Ceará
Aprendi com os meus pais
A educação e humildade
O respeito e honestidade
A importância de trabalhar

Vivi uma vida pobre
Com atitude e respeito
Livre do tal preconceito
Que hoje reina na sociedade
Não tive uma vida de luxo
Pois o dinheiro não dava
O pouco que meu pai ganhava
Saciava a nossa vontade

Ia pra escola a pé
Nem bicicleta possuía
O chão tão quente ardia
Era tamanho o calor
Um único par de tênis
Pra sair e estudar
Jogar bola e passear
Aprendi a dar valor

Uma única calça comprida
Umas camisas de chitão
Alguns shorts de algodão
Era a minha vestimenta
O bolso sempre vazio
Só a vontade e o desejo
No coração um latejo
Pra acabar a tormenta

Não tinha dinheiro pra entrar
Nas festas e cinema
Acompanhava as novenas
De Francisco e Maria
A noite saia pra orla
Encontrar os amigos
Sem dinheiro e bem querido
Jogava bola de dia

Alguns amigos da escola
Com os pais endinheirados
Queriam-me do seu lado
Apenas para jogar
Na vida social
Deles não me aproximava
No clube que frequentavam
Era proibido entrar

Amava a liberdade
De sonhar com meu futuro
Tinha medo do obscuro
E também da incerteza
Aos domingos ia a praia
Tomar banho de mar
Lá não pagava pra entrar
Pra curtir a natureza

Nas férias colegiais
Meu avô me buscava
Pra roça me levava
Na garupa do seu cavalo
Amava aqueles dias
Pois curtia a vida rural
Não existia nada igual
Aqueles momentos raros

Brincava de jogar bila
Esconde-esconde e pião
Corrida e garrafão
Do peixe, arrancar olho.
As meninas da redondeza
Ficava a admirar
A vontade era namorar
Tinha medo de ficar de molho

Achava-se muito inferior
De beleza e vestimenta
Isso lhe trazia tormenta
Recolhia-se na sua timidez
Gostava da solidão
Do seu mundo interior
Se sentindo inferior
Um dia chegaria sua vez

Conheci a bebida
Era assim que me divertia
Até que certo dia
Escutei meu pai brigar
Com minha mãe querida
Pois ela me protegia
A partir daquele dia
Melhor vida iria alcançar

Iria embora dali
Procurar uma vida boa
Pois viver ali à toa
Era fracasso na certa
Meus planos comigo guardei
Na primeira oportunidade
De sair da minha cidade
E alcançar a minha meta

No ano seguinte surgiu
Concurso pra marinha
Era a oportunidade que eu tinha
Pro meu objetivo alcançar
Fiz minha inscrição escondido
Sem comentar pra ninguém
No dia do concurso também
Fui fazer sem avisar

Quando saiu o resultado
Meu nome estava na lista
Era a primeira conquista
Pra minha vida mudar
Quando chegou próximo
Do dia da minha viagem
Não sei como tive coragem
Pro meu pai comunicar

O velho tomou um susto
Pois não sabia de nada
Olhou-me de cara assustada
Com a notícia no seu ouvido
Receoso eu perguntei
Se ele podia me ajudar
Pois precisava comprar
O mínimo que era exigido

Chegando o dia da partida
Pra economizar o dinheiro
Peguei carona primeiro
No jipe de um amigo
Viajamos a noite toda
Até chegar a capital
Deixava pra trás afinal
Um pedaço do que tinha vivido

Pra finalizar minhas lembranças
Que trago no pensamento
Revivo todos os momentos
Da minha infância querida
Foi base pra minha vida
Ser hoje o homem que sou
Não sou nenhum doutor
Mas realizei os meus planos
Meus sonhos não foram enganos
Que um dia por mim tracei.

AUTOR: JOABNASCIMENTO
DATA: 30/07/14
Recanto das Letras: JOABNASCIMENTO
Blog: joaobnascimento55.blogspot.com
Twitter:@ljoaobatista

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