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joaobnascimento

domingo, 8 de outubro de 2017

O nordestino

Imagem: Twitter.com

O nordestino

No seco chão do agreste
A faísca que sai da cova rasa
Do solo ardente em brasa
Esse bom cabra da peste
Em busca de água e fomento
Retira dali o sustento
No solo árido do nordeste
Desde ainda criança
Na vista só esperança
Com a pobreza depara
Trepado em pau de arara
Na busca de vida melhor
O nordestino prevendo o pior
Sai em busca de trabalho
Com o frescor do orvalho
Sacia a sede ardente
A dor no estômago presente
Por falta de alimentação
Em busca de água e pão
Luta do nascente ao poente
  
O nordestino é persistente
Não desanima com nada
De dia ou madrugada
Qualquer hora está presente
Não escolhe emprego ou hora
Na lida é rápido sem demora
Não desanima, é insistente,
Caminha léguas e léguas
Todo dia sem dá trégua
Com uma enxada na mão
Para cultivar aquele chão
Ressecado por falta d’água
Ali ele chora suas mágoas
Ao escavar, é um lamento.
Suado desprovido de vento
Procura o ar para respirar
Os pés descalços a tostar
O suor escorrendo na testa
Usando a força que lhe resta
Rasga a terra para plantar
  
O nordestino é de uma terra
Que o povo padece
Mas nunca esmorece
A cada dia que se encerra
Ele respira alegria
Trabalha com energia
Sempre pronto para a guerra
Na lida de muitos currais
No meio de carnaubais
Na caatinga ressecada
No fabrico da farinhada
Na plantação do roçado
Pede com os dedos postados
Para Padim padre Ciço
E também pra São Francisco
Que caia chuva no chão
No peito só devoção
Sempre com muita fé
Junto com sua mulher
De joelhos faz oração

Símbolo de garra e de luta
O nordestino é diversificado
Em todo setor do mercado
Presente está na labuta
Nos estados brasileiros
Em todo país estrangeiro
A sua presença disputa
Na construção civil
Constrói o nosso Brasil
Nos maiores projetos
Ele está sempre por perto
Dando a sua contribuição
Presente em toda ocasião
Também na arte culinária
A grande classe operária
De bares e restaurantes
É uma presença constante
Na arte e na cultura
No seio da literatura
Com seus escritos marcantes
  
Não troco o meu oxente
Falou então Suassuna
Abriu assim a lacuna
Pro conhecimento da gente
Pelo ok de ninguém
Traduzindo também
O seu pensar inteligente
Falar de ilustres famosos
É um tanto ardiloso
Com tamanha variedade
Grandes personalidades
Entre tantos brasileiros
Alcione e Jackson do pandeiro
Patativa e Marquês de Olinda
Dias Gomes, tem mais ainda,
Castro Alves e José de Alencar
Genival cantor popular
Ariano e Ruy Barbosa
Seu Lunga o rei da prosa
O ex presidente Itamar

Zélia Gatai e Florinda Bulcão
Raul Seixas e João Ubaldo
Chico Anysio e Cego Aderaldo
Maria Bonita com Lampião
Artur Azevedo e Divaldo Franco
Ana Neri e Castelo Branco
Humberto de Alencar e Falcão
José Wilker e Zé Limeira
João Gilberto e Manuel Bandeira
Assis Chateaubriand e Shaolin
Herbert Viana e José Lins
Floriano Peixoto e Jorge Amado
Frei Caneca e Clodoaldo
Paulo Freire e Epitácio Pessoa
Bezerra de Meneses gente boa
Gilberto Freyre e Graciliano
Aurélio Buarque sábio humano
Milton Santos e Pinto Martins
Nelson Rodrigues e Santo Padim
Marechal Deodoro senhor soberano
  
Sivuca e Renato Aragão
Câmara Cascudo e Adamastor
Tom Cavalcante e seu humor
João Cabral e Noca do Acordeão
José Lins e mestre Vitalino
Zé Lezin e Dominguinhos
Lourival Batista e Gonzagão
Leandro Gomes o rei do cordel
Catulo da Paixão o menestrel
Aguinaldo autor de novelas
Maguila e Oliveira de Panelas
Irmã Dulce, Elba e Zé Ramalho,
Desculpe se eu cometer algo falho
Alceu, Fagner e Geraldo Azevedo
Belchior partiu muito cedo
Reginaldo e Waldick Soriano
Com seus amores levianos
Salve todo o nosso nordeste
Nordestinos cabras da peste
Abençoados seres humanos.

Autor: Joabnascimento
Data: 08/10/17
Recanto das Letras: Joabnascimento
Blog: joaobnascimento55.blogspot.com

Twitter:@ljoaobatista