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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Estátua Amante

Foto: halloweenforum.com

Estátua Amante

A mulher estava com o amante
Quando ouviu um barulho de repente
Ela mais do que depressa
Usou a inteligência da mente
Com raciocínio rápido
Estratégia inteligente

Com um pensamento mágico
Mandou-o ficar no canto
Imóvel feito modelo
Sem piscar o olho um tanto
Parecendo uma estátua
Com fisionomia de um santo

Falou para o amante
Ficar firme sem se mexer
Começou uma maquiagem
Para o marido não ver
Com tinta e roupa falsa
Pra ele não perceber

Na cabeça pôs um chapéu
Passou óleo em todo corpo
Espalhou nele um talco
Mandou o corpo ficar torto
Na mão colocou uma bengala
Aguentar o desconforto

No amante todo branco
Parecendo um boneco
Fazendo pose de santo
Pôs no corpo um jaleco
Na boca pôs um cachimbo
Na outra mão pôs um caneco

O marido ao entrar no quarto
Perguntou: o que era aquilo?
Se ele estava louco
Ou entrando num asilo?
O que está acontecendo?
Nem tudo está tranquilo
  
Ela disse: é uma estátua
Assim que eu vi gostei
Igual a da casa dos Almeidas
Fui à loja e comprei
Parece até ser real
Por ela me apaixonei

Os dois tomaram banho
E logo foram deitar
Entre beijos e carinhos
Logo estavam a namorar
Entre gemidos e sussurros
Depois da preliminar

O amante já cansado
Com tamanho sofrimento
O corpo foi obedecendo
O seu insano pensamento
Ver os dois se amando
Era maior o seu tormento

Não podia se mexer
Nem o olho podia piscar
Tinha que ter autocontrole
Pra poder não se excitar
Mesmo assim não teve jeito
O negócio veio levantar

As duas da madrugada
A mulher estava dormindo
O marido ainda acordado
A televisão assistindo
De olho naquela estátua
Que estava ali fingindo

De repente o marido levanta
Dirige-se pra cozinha
Faz um mexido de ovos
Com verduras e sardinha
Prepara um sanduíche
Pra tomar com uma latinha
  
Dirigiu-se para a estátua
E falou rispidamente
Ajeita-te seu pilantra
Sei que você é gente
Depois que tu lanchar
Some da minha frente

Come esse sanduíche
De tí não tenho rancor
Sou a estátua dos Almeidas
Que minha mulher falou
Lá nem serviram um copo d’água
O corno me ameaçou

Veste a roupa e vai embora
Sem barulho de fininho
Todo cuidado é pouco
Pra não acordar o vizinho
A mulher ouvindo tudo
Fingindo está dormindo

A estátua rapidamente
Vestiu a roupa pra sair
Quando ouviu o marido ordenar
É pela janela que vais fugir
Vira-te para descer
Ou se joga pra cair

Desce calmo devagar
Cuidado com sua vida
São apenas dez andares
É mais fácil a descida
Pra descer tudo ajuda
O pior é a subida

Depois que a estátua saiu
O marido foi deitar
Abraçou sua mulher
Foi novamente namorar
Ela sem nada dizer
Começou a se entregar

Passado uns dez minutos
Uma sirene a lamentar
Parou debaixo do prédio
Os faróis todos a piscar
Uma ambulância de plantão

Mais um corpo veio pegar.

AUTOR: JOABNASCIMENTO
DATA: 03/07/15
Recanto das Letras: JOABNASCIMENTO
Blog: joaobnascimento55.blogspot.com
Twitter: @ljoaobatista

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