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segunda-feira, 21 de março de 2016

Entre o Céu e o Inferno

Foto: caminhandoparacristo.com.br

Entre o Céu e o Inferno

Três amigos verdadeiros
Estavam sempre a se encontrar
Conversavam suas mágoas
Diante da mesa de um bar
Cada um com sua opinião
Como era a vida no além-mar

Falavam suas opiniões
Suas ideias e pensamentos
Discordavam em algum ponto
Respeitavam-se a todo o momento
Dentro das suas religiões
Clero e pensamentos

Um certo dia pela manhã
Na mesma mesa do bar
Era um fim de semana
Começaram a papear
Os três se encontraram
Pra poder bebericar

Entre muitos papos furados
Surgiu um questionamento
Entre o céu e o inferno
Qual o melhor no firmamento?
Cada qual com sua opinião
Eis aqui o questionamento

Um dos amigos respondeu:
Desejo pra mim o paraíso
Esquecer o mundo terreno
Pois daqui não mais preciso
Claro que quero ir pro céu
Tenho certeza e juízo

Quero viver perto de deus
Com paz e tranquilidade
Trabalhei a vida inteira
Nunca fiz nenhuma maldade
Tenho certeza que mereço
Esse mundo de felicidade
  
Os dois começaram a rir
Do amigo ficaram a zombar
Já tinham planos traçados
Na hora que fossem comentar
Um se dirigindo ao outro
Pediu pro mesmo relatar

A rotina do paraíso
A vida no mundo celestial
É uma vida sem nexo
E objetivo principal
Como se já conhecesse
A vida no plano espiritual

O amigo foi falando
A real situação
Todo seu sistema diário
Independente da questão
Com o semblante muito sério
Ele prestava atenção

As quatro e meia da manhã
Tocava a alvorada
Uma sirene muito forte
Parecia trovoada
Todos estavam de pé
Pra começar a jornada

Num grande salão azul
As cinco se encontravam
O silêncio era total
Com a cabeça se cumprimentavam
Mantinham-se ajoelhados
Concentrados eles rezavam

As sete eles paravam
Uma pausa para o café
Todos num só momento
Rapidinhos ficavam de pé
Muito rápido sem conversa
Em meia hora estavam de pé
  
O lanche consistia
Chá biscoito água e sal
Nem sequer um café
Pra mudar o habitual
Às vezes pra variar
Tinha um pouco de mingau

Cumprindo obediência
Todos voltavam para o salão
Não podiam reclamar
Estavam dentro da razão
De joelhos e mão postas
Recomeçavam a oração

Onze horas da manhã
Todos se recolhiam
Era o preparo do almoço
Ordeiros obedeciam
Refugiados em seus aposentos
A ceia ao era meio dia

Uma hora da tarde
Recomeçava a rotina
Num pátio muito grande
Cheirando a naftalina
Com as suas habilidades
Integravam-se nas oficinas

As quinze tinha uma pausa
Para o lanche e pra relaxar
Deixavam o que faziam
Era hora de lanchar
As dezessete todos paravam
Preparavam-se para o jantar

Dezoito horas em ponto
O jantar era servido
Com rezas e orações
O seu prato era benzido
Sopa ou canja de galinha
Outro prato era proibido

As dezenove se concentravam
No salão para rezar
De joelhos ou sentados
Cada um tinha seu lugar
Eram prestados testemunhos
Cada um podia falar

Vinte uma e trinta terminava
O encontro coletivo
Sempre bem vigiados
Conversar era proibido
Recolhidos em seus quartos
Só dormir era preciso

As dez horas da noite
O cansaço era normal
A fadiga cotidiana
Até lhe fazia mal
Todos estavam a dormir
O silêncio era total

Nessa rotina diária
Não podiam conversar
Pra não criar intimidades
E o pensamento divagar
Eram cegos, surdos e mudos.
Sem chance de se aproximar

As mulheres com véu no rosto
Roupão até o calcanhar
A cabeça sempre baixa
Não podiam se encarar
Era tudo separado
Mal podiam se olhar

O silêncio era a prova
Da real tranquilidade
Louvores e hinos bíblicos
Eram ouvidos à vontade
Apenas o barulho dos pratos
Era a única novidade

Não existe nada feio
Lá no céu tudo é beleza
Você tem contato direto
Com a mãe natureza
Sossego e paz espiritual
Pra aliviar sua tristeza

Seus ouvidos só escutam
Os pássaros cantando
O barulho das ondas do mar
Nas pedras se tocando
As gaivotas a voar
O vento assobiando

As trombetas dos anjos
Nos ouvidos a soar
O infinito demonstra
A distancia que tu estás
As estrelas e a lua
O céu a iluminar

O amigo muito quieto
Prestando muito atenção
Atento a todas as palavras
Sem fazer obstinação
Quis saber do inferno
Qual a real situação
  
O outro que estava quieto
Um carioca da gema
Foi falando devagar
Sem demonstrar nenhum dilema
Dominando a malandragem
Foi decifrando o tema

Lá no inferno não existe
Hora pra acordar e dormir
A regra é você que faz
Com direito de ir e vir
É igual aqui na terra
Sem ninguém a proibir

É parecido com a vida na terra
Quem domina é a malandragem
Tem grupos de tudo que não presta
Quem domina é a bandidagem
Muito samba forró e pagode
Vícios bebidas e vadiagem

De segunda a segunda
Tem evento todo dia
É festa pra todo lado
Não pode faltar alegria
Mulatas sambando no pé
Churrasco pagode e folia

Você pode beber e fumar
Consumir e ser consumido
Você pode ter um harém
Trair e ser traído
Comprar e deixar fiado
Não pagar e ser esquecido

O verão é o que impera
O calor é muito forte
Até parece que não tem sul
O polo lá é o norte
As mulheres só de biquíni
Os homens de sunga ou short

Ninguém é de ninguém
Fidelidade não interessa
Você come todo mundo
Lá tem mulher à Bessa
Depende só de um olhar
Lá não precisa de pressa

Tudo que não presta é liberado
Não importa a ocasião
Você com seu passe comprado
É dono da situação
Jogo, tráfico e bebidas.
Drogas, sexo e prostituição.
  
O amigo a favor do céu
Gostava de beber e fumar
Ficava de olho nas meninas
Sexo e jogo de azar
Tudo que era falado
Já começava a imaginar

Após escutar sobre o inferno
A verdadeira situação
Foi ficando interessado
Concordando com razão
O amigo que ia pro céu
Mudou logo de opinião

Falou: diante do exposto
Já tomei uma decisão
A vida aqui na terra
É de grande gratidão
O inferno perante o céu
Ainda é a melhor opção

Pois já estou acostumado
Com essa vida aqui no chão
Não gosto de viver com estranhos
Pois vocês são meus irmãos
Não suportaria viver no céu
Dormindo e fazendo oração

Por isso eu já decidi
Ir pra junto de vocês
Esqueçam tudo que falei
Nesse período de um mês
Se lá tem vaga pra dois
Também podem caber os três.

AUTOR: JOABNASCIMENTO
DATA: 17/02/16
Recanto das Letras: JOABNASCIMENTO
Blog: joaobnascimento55.blogspot.com
Twitter: @ljoaobatista

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