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terça-feira, 13 de setembro de 2016

Quadrão Para Boteco

   Foto:canal.bufalo.info

Quadrão Para Boteco

Quando chego ao boteco
Com vontade de beber
Bebo todas devagar
Sem ter nada a temer
Se a pinga mata aos poucos
Estou sem pressa de morrer
Mas também se for depressa
Só tenho que obedecer

Eu bebo minha velha cachaça
Em nome de todos os santos
Em casa velha não moro
Em capoeira não planto
Pra gente ir para o céu
Não precisa rezar tanto
Nem andar em pé de padre
Nem beijar em pé de santo

Não vivo dando gargalhadas
Nem fico rindo à toa
Gosto de mulher nova
E também gosto de coroa
A cachaça quanto mais velha
Mais ela fica boa
Quanto mais bebo a danada
Mais dá vontade e não enjoa

Caminho na estrada da vida
Vou seguindo meu destino
Na mente levo uma canção
Cantada em forma de hino
Meus passos seguem as pegadas
Deixadas pelo divino
No sangue a minha cachaça
Corre nas veias como vinho
  
Deus deu sabedoria ao homem
E também a liberdade
Pra você poder ir e vir
Pra qualquer canto da cidade
Construir e inventar
O progresso e a novidade
A nossa gostosa aguardente
Pra saciar nossas vontades.

O cabra que bebe pinga
Seja pequeno ou grandalhão
Chama Jesus de Genésio
E urubu de pavão
São João batizou a pinga
O açúcar e o limão
Eu bebo todas as pingas
E não bato a bunda no chão

Não tem forte e nem fraco
Isso você pode ter certeza
Ela vence todo mundo
Deixa-te de quatro na mesa
É divertido curtir
Com a cachaça na cabeça
Esvaziem as garrafas
Mas as bundas não esqueçam

Cu de bêbado não tem dono
É dito por toda cidade
Quem não cuida da sua bunda
Vira donzela de verdade
A marvada da cachaça
Não tem dó nem piedade
Ela não tem cabelo; é lisa.
Desce com facilidade

A garota mais bonita
Do meu bairro enfeiticei
Numa noite de verão
Um beijo dela eu roubei
Ela não gostou de mim
Mas dela eu gostei
Dei pra ela muita pinga
E com ela eu casei

A pinga é neta do cão
E prima do satanás
Incendiou o inferno
Com dez litros de gás
Deu uma volta no capeta
E o diabo passou pra trás
O que a pinga faz comigo
Nem setenta capeta faz

A semana tem sete dias
O gato sete vidas tem
Já tem mais de sete minutos
Que não bebo pinga também
To bebendo minha cachaça
E não é da conta de ninguém
Garçom bote outra dose
Mas não tenho um vintém

Entre o céu e o inferno
Existe um alambique
Lugar que doca o navio
Não é cais e sim é dique
Carro de dama é automóvel
Carro de macho é jipe
Eu boto a cana pra dentro
E ela me bota a pique

Piso na água e não toldo
Na foia seca e não chia
Ovo bom não desunera
Cabra bom não desconfia
Na boca de quem não presta
Quem é bom não tem valia
Cachaça é gostosa a noite
E também durante o dia

O bicho que mata o homem
Mora debaixo da saia
Tem asas que nem morcego
Esporão que nem arraia
Tem um buraco no meio
Onde a madeira trabaia
Tomando uma pinga quente
Ela relaxa e não desmaia

O cravo brigou com a rosa
Numa noite enluarada
O jardim sem uma rosa
É uma peça enferrujada
Dinheiro é o que preciso
Pra fazer uma cachaçada
Dou cachaça para a rosa
Ela enche o cravo de pancada
  
Já escalei o pão de açúcar
Já subi no cristo redentor
Varri a escadaria da penha
Já vendi escravo no pelô
Já fiz a lavagem do Bonfim
Já fiz sauna sem sentir calor
Já bebi cachaça uma semana
Não senti ressaca nem dor.

AUTOR: JOABNASCIMENTO
DATA: 31/03/16
Recanto das Letras: JOABNASCIMENTO
Blog: joaobnascimento55.blogspot.com
Twitter:@ljoaobatista

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