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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Linguajar Cearês II

Linguajar Cearês II

Danôsse mainha
Que menino maluvido
Deu-me xero no cangote
Veja que cabra atrevido!
Onde amarrei meu jegue!
Prefiro que não me pegue
Pois é comprometido

Que presepada é essa?
Oxe arrede o pé!
Sai daí catrevagem
Vai buscar tua muié
Visse que desmantelo
É muito nó no novelo
Cai fora e mete o pé

Se manda cabra da peste
Mundiça deixe de piti
Miseravi pegue o beco
Não tem nada pra ti
Eita caba da mulesta
Tua atitude não presta
No mei vou te partir

Deixe dessa brabeza
Di duma égua abestado
Infeliz das costas ôca
Tu é mesmo abestalhado
Cabôsse tempo bom
Vou por paletó marrom
Tu parece amedrontado

Deixe de aperreio
Hoje tô com a mulesta
Sou teus pariceiros não
Está escrito na testa?
Ah disgrama abaitolado
Deixa de papo furado
Já sei que tu não presta

Pare de bulir aí
Deixa de ser fuxiqueiro
É Maria vai com as outras
Ô bixin presepeiro
Valei-me oh! Meu Padim
Ver se livra de mim
Todo esse povo fuleiro

Marrapaz num fresque não
Tô feito gota serena
Arrudeia e dá no pé
A rua pra nós é pequena
Se tu não for eu cegue
O diabo que te carregue
Arranco teu couro sem pena

Pra defender o caboco
Me vem uma rapariga
Com a blusa muito curta
Mostrando a barriga
Eu perguntei pra ela
Olhando pra cara dela
Tu tá com a bixiga?

Marmenino deixe disso
Então não se avexe não
Muita peia eu acho é pouco
Pare com essa arrumação
Tô virado na pitica
Tô feito uma catita
Doido por uma confusão

O caba todo tronxo
Já com a pança arriada
Falou pra rapariga
Uma cunhã enfezada
Parecida com ele
Igual a cara dele
Era cuspida e cagada

 Diabéisso macho véi
Vou te pegar lá em riba
Dá uma ruma de pancada
E te jogar na cacimba
Assim tu morre de vez
Te mato agora talvez
Acaba toda pinimba

Deixa de ser bunequeiro
Arre água abestado
Cu de cana presepeiro
Vive de nariz empinado
Tu tem um rei na barriga
Tua mãe é uma rapariga
Fuleragem ispritado

Tu é um baitola batoré
Não passa de abirobado
Tu nasceu num cabaré
Teu pai é amancebado
As pernas todas zambetas
Sua marmota perneta
Chei dos paus ingembrado

Já vai bater a caçoleta
Não vem comigo frescar
Não vai ter fim a intriga
Todos de ti vão mangar
Tu é a dor dum trupicão
Comigo não fresque senão
Eu vou agora te açoitar

Estou numa quenga fumando
Deixa de me arrudiar
Vai acabar-me aperriando
Se em mim um dedo triscar
Para de leriado zuadento
Sibiti baleado fedorento
Sou capaz de ti capar

 Temendo o salseiro
O caba já baqueado
Pediu penico ao poiteiro
Os fundos todo breado
O ceroto escorrendo
Avexado saiu correndo
Os cambitos já cagados

Parecia empanzinado
Só o oco e a catinga
Seu baitola abirobado
O bucho cheio de pinga
Vai-te pra baixa da égua
Te darei um salga pai d’égua
No mato vou te rebolar ainda

Com o bolso estribado
Ficamos a bebericar
Todo empiriquitado
Pra uma nega engabelar
Com tira gosto de panelada
No cabelo dei uma garibada
Pedi mais um celular

Eu não gosto de frescura
Gosto de andar engomado
Sou doce que nem rapadura
Sem inhaca perfumado
Não faço hora com ninguém
Um macho réi você tem
Toda hora do seu lado

Com aparência apetrechada
Parece que fui ao gabinete
Miolo de pote não é nada
Eu gosto que me respeite
Gente sem futuro é vintém
Catiroba não suporto também
Não vou enredar o macete
  
Quenga que me dá o xinim
Gato réi com sustança
É só o mí ela diz pra mim
Verminoso parto com pujança
Avalie a empeleita
As pernas em forma de cruzeta
Sem bater fofo ela não me cansa

No ato elas me respeitam
Dou o grau numa pimbada
Se tortas, ficam direitas
Não demoro na escanchada
O meu ritmo é feroz
Sou pior que um algoz
Traído na empreitada

No nosso linguajar
É grande a diversidade
Nós não somos diferentes
Temos originalidade
O nosso sotaque é belo
Com o português singelo
Temos grande variedade

Boçal e corralinda
Achar graça e arrumação
Alparcata e aí dentro
Cachaceiro e enrolão
Presepeiro e batoré
Sabacu e arrasta-pé
Papangu e danação

Amansa-corno e aluir
Aperreio e avexado
Tem é Zé e bate-cocha
Caldo de bila e leriado
Abufelar e arigó
Brechar e fiofó
Mangar e esfolado
  
Chapéu de tôro e baitinga
Bater catolé e gazear
Amancebado e bulir
Arre égua e desunerar
Chei dos paus e cocorote
Galinha d’angola é capote
Baixa da égua e arribar

Visage e parrudo
Verminoso e aperreado
Pai d’égua e uma pinóia
Bater fofo e xambregado
Balaio de gato e brocotó
O criado a pão-de-ló
Tem a bila e pão sovado

Morrer é bater a caçoleta
O bebo é embriagado
Birita e botar buneco
Aos emboléus e breado
Bregueço e acunhar
Briba e engabelar
E só mi disbuiado

Temos fogoió e brôco
Buliçoso e esculhambação
Bunda canastra e cagaço
Capar o gato e carão
Caraquento e xambregado
Catiripapo e malamanhado
A mulher que faz sabão

Tem o cão chupando manga
Cara de bicho e cambada
Carne-de-teteu e ceroto
Caxaprego e barruada
Checho e trubiscado
Zambeta e ispritado
Perainda e amojada
  
Gasguita e desmilinguido
Tabefe e assuntar
Lá do tempo do bumba
Esgalamido e engomar
Saliente da gota serena
Tem leilão e tem novena
Fazer hora e empaiar

Dar o prego e pindaíba
Gastura e arrudiado
Remela e estripulia
Magote e encabulado
Imbira e fechicler
Carinho e cafuné
 Reimoso e assanhado

Fajuto e feito nas coxas
Sustança e acunhar
Ficar no canto e frozô
Quebrante e aperrear
Tinhoso e gigolete
Baitola também é gilete
Inhaca e descabaçar

Dar bode é dar errado
Confusão é arengar
Tabaco é genitália
Tem escroto a maldar
De mutuca e gastura
Tem chimbé de rapadura
Galalau a pelejar

Surra é levar pisa
Dar o grau bem ariado
Piloro e dor no quengo
Pinóia e ingembrado
Zóio, zurêia e zuvido
Zero cabaço não é mexido
Tem o troncho abilolado

 Tem o amarelo queimado
Coisar é uma pimbada
Triscar e apapagaiado
Judiar e presepada
Zuada e baqueado
Chapuletada e vexado
Enredar e apetrechada.

Joabnascimento
05/09/18
Camocim Ce.


















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