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O Porteiro Do
Puteiro
Não existe
profissão pior
Do que ser um
porteiro
Principalmente
se o local
Do trabalho for
um puteiro
Aceitando os
desaforos
De vagabundos e
cachaceiros
Era o que todos
falavam
Há muitos anos
atrás
Período infernal
Regido por
satanás
Num pequeno
povoado
O nome eu não lembro mais
Esse povoado pequeno
Jamais eu saberia
Num pedaço da Itália
Era ali que existia
Tinha uma casa de madame
Funcionava noite e dia
O local era bem
antigo
Muito afamado na
região
Fundado há
vários anos
Com intuito de
diversão
Visitado por
fazendeiros
Comerciantes e
peão
As garotas dessa
zona
Eram todas
selecionadas
Passavam por uma
escolha
Eram bem
inspecionadas
Tinham que ser
jovens e bonitas
Pra serem logo
contratadas
No local já
existia
Um porteiro de
plantão
Um homem rígido
e honesto
Bem provido de
razão
Começou a
trabalhar
Desde sua
inauguração
Já tinha certa
idade
Não sabia
escrever
Foi criado sem
educação
Sabia de tudo
fazer
Jamais tinha
estudado
Nunca aprendeu a
ler
Nunca tinha
trabalhado
Em outra
profissão
O seu primeiro
emprego
Que surgiu na
ocasião
Desde jovem era
o porteiro
Todo dia de
plantão
Um dia entrou um
gerente
Um jovem
empreendedor
Os donos já bem
cansados
Contrataram o
seu labor
Cheio de ideias
e criativo
Persistente e
trabalhador
Decidiu
modernizar
Aquele
estabelecimento
Trazer mais
novidades
Aumentar o
movimento
Fez mudanças nos
setores
Pra melhorar o
atendimento
Chamou os
funcionários
Para uma reunião
Todos ficaram
atentos
Prestando muita
atenção
Falou das suas
mudanças
Queria muito
dedicação
Ao porteiro ele
disse:
À partir de hoje
o senhor
Vai ter mais uma
missão
O tempo você vai
dispor
Além de ficar na
portaria
Vai fazer outro
favor
Um relatório
semanal
Onde você registrará
As saídas e
entradas
E tudo você
anotará
A quantidade de
clientes
Que vieram aqui
visitar
Vai anotar os
comentários
E também
reclamações
Resolver os
problemas
Evitar as
confusões
Espero que sejam
cumpridas
Todas essas
instruções
O porteiro falou
sem jeito
Adoraria isso
fazer!
Infelizmente
suas ordens
Eu não posso
obedecer
Como vou fazer
anotações
Se não sei ler
nem escrever!
O gerente
friamente
Com indiferença
no olhar
Na vista de todo
mundo
Sem compaixão
demonstrar
Sinto muito, mas
se é assim.
Aqui não pode
mais trabalhar
O porteiro muito
surpreso
Respondeu aquela
baboseira
O senhor não
pode me despedir
Trabalho nisto a
vida inteira
Não sei fazer
outra coisa!
Só sei tomar
conta da porteira!
O gerente sem
demonstrar
Falou sem ter
compaixão
Olhe, eu até
compreendo.
Não tiro a sua razão
Para compensar
seu trabalho
Darei-lhe uma
indenização
Assim você
procura
Alguma coisa
aprender
Isso vai lhe
ajudar
Até encontrar o
que fazer
Espero que tenha
sorte
É o que desejo a
você
O porteiro sem
acreditar
Ficou de cara no
chão
Não sabia o que
fazer
Na real situação
Sentiu o mundo
desmoronar
Abriu uma
cratera no chão
Lembrou que no
prostíbulo
Tudo ele
consertava
Não precisava
pedir
Apenas a ele
mostrava
Mesas, cadeiras
e camas.
Até criado mudo
arrumava
Isso poderia ser
Uma boa ocupação
Já conhecia o
ramo
Sabia de cor a
questão
Até conseguir um
emprego
Exercer outra
função
Mas só tinha
alguns pregos
Mesmo assim
enferrujados
Um serrote um
alicate
E um martelo sem
o cabo
Precisava
adquirir
Pra isso teria
cuidado
Usaria o seu
dinheiro
Fruto da sua
indenização
Iria para a
cidade
Fazer averiguação
Compraria mais
ferramentas
Ficaria à
disposição
No seu povoado
não tinha
Casa de vender
ferragens
Os moradores
precisavam
Só faltava era
coragem
Teria que ir a
outro lugar
Levaria dois
dias de viagem
Era num lombo de
uma mula
Que teria de
viajar
Não existia transporte
Pra poder
facilitar
Um trabalho
sacrificante
Mas teria que
comprar
E assim fez a
primeira viagem
Com a coragem
para lutar
No seu regresso
um vizinho
Veio logo lhe
visitar
Quero saber se
você tem
Um martelo pra
me emprestar
Eu tenho assim
ele disse
Hoje acabei de
comprar
Está nova de boa
qualidade
Nem cheguei a
usar
O problema é que
preciso
Dele pra
trabalhar
Eu devolvo
amanhã cedo
Foi dizendo o
vizinho
Faça-me esse
favor
Desculpa está
pedindo
Se é assim pode
levar
Mas devolva-o
cedinho
No outro dia bem
cedo
Seu vizinho bateu
à porta
Não acabei o
serviço
A madeira era
torta
Ainda preciso do
martelo
Espero que não
se importe
Porque você não
me vende?
Eu quero o
martelo comprar!
Sei que vou
passar uns dias
E ele precisa
usar
O porteiro
respondeu: não
Preciso dele pra
trabalhar
Vamos fazer um
trato
Não vou mais
bater à porta
Vou lhe
encomendar
Pagarei os dias
de ida e volta
Mais o preço do
martelo
Essa ferramenta
muito me importa
A proposta era
interessante
Sem pensar ele
aceitou
Seria um bom
negócio
Deus assim o
presenteou
Daria-lhe dois
dias de trabalho
Montou na mula e
viajou
No regresso
outro vizinho
O esperava em
sua casa
Pra comprar umas
ferramentas
Pois ele muito
precisava
Com seu novo
projeto
Assim ele
negociava
Abriu a caixa de
ferramentas
E começou a
separar
Alicate e
martelo
E uma máquina de
furar
Foi aparecendo
mais clientes
Para lhe
encomendar
Alicate e chave
de fenda
Serrote e
talhadeira
Broca, pua e
tesoura.
Chave de boca e
peixeira
Pagavam e iam
embora
Produto era de
primeira
As pessoas mais
desinibidas
Começavam a
falar
Que não
disponham de tempo
Pra poder viajar
Traga mais
ferramentas
Que todos irão
comprar
Isso ficou
gravado
Latejando em sua
mente
Era bem
sacrificante
Mas também era
decente
Compraria mais
ferramentas
Pra vender para
aquela gente
Na viagem
seguinte
Arriscou com
mais dinheiro
Trouxe mais
variedades
Mas também sem
exagero
Trouxe mais
ferramentas
Atendeu o povo
inteiro
Por todo o
povoado
A notícia se
espalhou
Quem quisesse
ferramentas
Era só procurar
o senhor
Todos faziam
encomendas
Para o novo
vendedor
Como novo
vendedor
Viajava uma vez
por semana
Trazia o que
encomendavam
Começou a entrar
grana
E assim foi
negociando
A vista ninguém
engana
Passado alguns
meses
Não precisou
mais viajar
Fazia pedido aos
vendedores
Que mandava lhe
entregar
Em menos de um
ano
Uma loja veio
inaugurar
Ele era um bom
cliente
Comprava sempre
à vista
Sua fama na
redondeza
Era motivo de
conquista
Agora um
empresário
Empreendedor
idealista
O sucesso foi
tão grande
Satisfação com
os clientes
Atendimento de
primeira
Satisfação pra
toda gente
Todo povo da
redondeza
Estavam todos
contentes
Um dia ele
lembrou
Da sua época de
porteiro
Se soubesse ler
e escrever
Não teria outro
roteiro
Com certeza
ainda dava plantão
Como porteiro no
puteiro.
Esse cordel foi
baseado
Num fato
verídico real
História de vida
de um homem
Que soube ser
genial
Valentin Tramontina
Um empresário
fenomenal.
AUTOR: JOABNASCIMENTO
DATA: 11/07/15
Recanto das
Letras: JOABNASCIMENTO
Blog:
joaobnascimento55.blogspot.com
Twitter:@ljoaobatista
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